quarta-feira, 14 de março de 2012

Sobre mim e Fran Lebowitz - uma introdução.

Eu escrevo como uma pessoa velha.

Não falo, não. Escrevo. A minha escrita tem, pelo menos no meu próprio sentimento, um traço estranho. Às vezes, enquanto escrevo, sinto-me uma versão menos bem-educada mais mais eloquente da minha avó. Peço desculpa, avó, mas é verdade. Eu escrevo como uma pessoa velha. E o que vou dizer-vos a seguir não tem modéstia alguma, mas, vamos lá, não sou uma pessoa muito modesta - escrevo como alguém experiente. Não, não tem nada a ver com a experiência sexual ou o que quer que seja que queiram discutir. Estou a falar da experiência da vida. Se já vivi muito? Nada a ver. Acredito simplesmente que a minha mente é composta por muitas coisas diferentes. E esta teoria não foi avançada por mim. Foi avançada pela Fran Lebowitz, provavelmente uma das pessoas mais inteligentes de sempre, ainda que enormemente convencida. É uma cadeia lógica de acontecimentos. A partir do momento em que ela é dita como sendo inteligente, pode-se dar ao luxo de ser convencida. Sempre me disseram que eu era terrivelmente inteligente. Onde é que isso me deixa a mim? Segundo ponto, leio muito. Gosto de ler. Pela leitura, descubro as coisas mais disparatadas - mas que, ainda assim, me fazem sentir feliz por aprender. Aprender é o meu maior amor, digo-vos desde já. Hoje, descobri em que tempo a variedade venenosa dos cogumelos amanietae, o Amanita muscaria (note-se, o fungo vermelho pontilhado de branco que a maioria das pessoas associaria a anõezinhos felizes numa floresta) pode matar uma pessoa normal em perto de doze horas. Os sintomas são vómitos, diarreias e convulsões. E sinto-me bastante feliz por saber isto. Penso que isto nos aproxima do mundo, de uma forma um pouco confusa mas interessante. E finalmente, o terceiro ponto é o de que gosto de falar. Gosto de conversar, de aprender a partir do que ouço das outras pessoas. Mas há um problema nisto - sou tímido. Bastante tímido. Por isso, é-me um bocadinho mais fácil escrever. E finalmente, sempre me disseram que eu escrevo bem. E não me importo muito com se isso é verdade ou não - por isso, aqui estou eu, a escrever um ensaio.

Talvez as pessoas pensem nisto como um blog, correto? Mas não é. Garanto-vos que não é - neste momento, estou a escrever um ensaio. Uma coluna para um qualquer jornal. Uma memoir à la Agatha Christie (ela escreveu uma autobiografia, bastante interessante, por sinal). Ou talvez uma autobiografia, simplesmente. A autobiografia de um rapaz de quinze anos, com uma vida que, até agora, não é composta por detalhes assim tão interessantes. Mas isto não é sobre mim. Riam-se à vontade, mas este é só o meu primeiro ensaio - vou fazer questão de lhes chamar assim, sim. E planeio discursar muito mais sobre os assuntos do que me rodeia do que sobre a minha própria vida.

"Escreve sobre o que conheces." É a primeira regra, sempre me disseram, de um qualquer escritor minimamente respeitável. Então, sim, quero escrever sobre o que conheço. E o que é que conheço? Adolescentes, a um primeiro olhar. Adolescentes que sejam sempre mais velhos do que eu - um ou dois anos. Estou um ano "avançado" na escola. Isso não me interessa muito - o que interessa é que, em termos físicos, toda a gente é mais velha que eu. E eu acho que isso só faz com que eu queira escrever mais. Sentir-me mais velho. Mas, ainda assim, penso que o comportamento deles é terrivelmente interessante. Muito mais do que o de outras pessoas que conheço com quinze anos. Há um período de tempo, talvez entre os dez e os catorze anos, em que não consigo aturar pessoas. Podem falar muito sobre os adolescentes, mas os pré-adolescentes são piores. Talvez esta minha opinião tenha a ver com o facto de que o meu próprio irmão - de quem, aposto eu, vou falar imenso aqui - tem agora dez anos e meio, ou algo assim. Mal posso esperar até que ele tenha quinze anos, quando as conversas estranhas sobre computadores acabarem. Antes dos quinze, as pessoas não sabem falar. Eu próprio não sabia falar, na verdadeira aceção da palavra. E, além disso, era estúpido. Espero que a maioria das pessoas se sinta como eu - hoje em dia, quero "destruir" as minhas memórias desses anos.

Enquanto escrevo isto, estou a ver uma entrevista com a anteriormente mencionada Fran Lebowitz, que adoro completamente. Por isso, não estou muito virado para escrever. E, finalmente, devia estar a estudar Filosofia. E aqui estamos nós, novamente, a falar sobre mim. Então, até depois.